Essa semana o Ministério da Saúde inaugurou a Campanha Nacional de Vacinação contra a gripe. Diante da orientação de evitar aglomerações, sobretudo em ambientes médicos/hospitalares, como fica a decisão do cidadão em sair de casa para tomar a vacina da gripe? As informações a seguir podem contribuir para você tomar a decisão certa: é necessário se vacinar!
A vacina contra a gripe muda anualmente e segue os padrões de recomendação da OMS (Organização Mundial de Saúde), que determina quais cepas são mais prevalentes nos hemisférios Sul e Norte. A vacina é composta por vírus inativado, portanto, NÃO causa gripe. NO SUS, existe a vacina trivalente que protege contra os 3 vírus que foram mais comuns no hemisfério Sul em 2019: 2 cepas de Influenza A (H1N1 e H3N2) e 1 cepa de Influenza B. As clínicas particulares dispõem da vacina quadrivalente que engloba 1 subtipo a mais do Influenza B. A vacina é um método seguro e o mais eficaz de prevenir a gripe causada pelo H1N1 assim como suas complicações, que em 2019 causou próximo de 800 óbitos no Brasil, sendo a maioria acima dos 60 anos, portadores de doenças cardiovasculares e diabéticos. Em 2020, até início desse mês foram registrados 13 óbitos por Influenza A (H1N1) e 14 óbitos por Influenza B. A epidemia do H1N1 começou em 2009 e gerou alarde semelhante ao do coronavírus, porém algumas peculiaridades ajudaram a conter o surto naquela ocasião: já existia antivirais no início da pandemia – o Oseltamivir, Tamiflu - e o vírus era mais semelhante a outros que já circulavam, conferindo de certa forma alguma imunidade na população. Até o momento, apesar de incertas as estimativas, calcula-se que a letalidade do coronavírus varie de 0,7 a 6% a depender do país, no Brasil o Ministério da Saúde confirma 1.891 casos e 34 mortes, ou seja, letalidade próxima de 1,8%. Já o H1N1 apresentou mortalidade próxima de 0,3% e só foi menor graças ao desenvolvimento da vacina.
A Campanha esse ano iniciou quase 1 mês antes para proteger de forma antecipada a população de maior risco: os idosos. É importante salientar que a vacina da gripe não protege contra o coronavírus mas de certa forma auxiliará nessa epidemia pois a vacinação ajudaria a reduzir a procura por serviços de saúde por sintomas gripais e contribuiria para os profissionais de saúde no diagnóstico do coronavírus, já que se o indivíduo foi vacinado contra a gripe e apresentar sintomas como febre, tosse e falta de ar provavelmente não seria H1N1 e sim um caso mais suspeito para o coronavírus. Na 2a fase da campanha, que acontecerá a partir de 16 de abril o público-alvo será pacientes com doença crônica como diabetes, hipertensão, asma (dentre outras), professores e profissionais das foças de segurança e salvamento. A partir de 9 de maio serão vacinadas crianças entre 6 meses e 6 anos, gestantes, puérperas, indígenas, pessoas em cárcere e indivíduos entre 55 e 59 anos. Esse ano houve um acréscimo relevante no público-alvo prioritário incluindo os adultos de 55 a 59 anos. Com a vacinação, a imunização ocorre após 2 a 3 semanas e apesar de não ser 100%, chega a números bem próximos disso. Portanto se você se inclui no grupo prioritário tome a vacina da gripe, isso certamente ajudará na sua saúde e contribuirá para a saúde do próximo!
Dra. Vanessa Aoki Santarosa Costa
Médica Endocrinologista formada pela Escola Paulista de Medicina - Universidade Federal de São Paulo
Mestrado em Tireoidologia pela Escola Paulista de Medicina - Universidade Federal de São Paulo
Foi médica colaboradora no Ambulatório de Diabetes Gestacional da UNIFESP
Atua em consultório médico particular na Vila Clementino, Zona Sul, São Paulo.